23 de maio de 2012

MAS, AFINAL, PELO QUE LUTAM OS ESTUDANTES DA UNIFESP GUARULHOS?



O Reuni na Unifesp Guarulhos
Por Pedro Camargo da Executiva da ANEL SP e estudante de Ciências Sociais da UNIFESP

Primeiramente, alguém há de se perguntar porque um projeto de expansão do ensino superior não foi alvo de fortes críticas por parte da burguesia, uma vez que um dos mecanismos de segregação social dentro de nossa cultura é justamente manter as massas longe da educação. 

O silêncio da burguesia é compreensível. Da forma com que este projeto se dá, aumentando em duas vezes o número de vagas, mas com apenas um aumento de vinte por cento de verbas, a médio e a longo prazo acarretará o sucateamento total do ensino superior e sua consequente privatização. Logo mais, nenhuma pesquisa de cunho não mercadológico passará pelo crivo das universidades, submetidas à força do capital.

Nós, alunos da Escola de Filosofia Letras e Ciências Humanas da UNIFESP vivemos na pele essa realidade. Nosso pequeno Campus surgiu no bairro dos Pimentas, em Guarulhos, em 2007, fruto direto do REUNI. Aliás, a Universidade Federal de São Paulo é uma das que aplica as metas do REUNI de forma mais ostensiva.

Diferente de outras Universidades que já existiram e sofreram alguma precarização nos últimos anos, nosso Campus nasceu já precarizado. Originalmente Escola Paulista de Medicina, a instituição foi criada 1936, sendo federalizada apenas na década de 1954. De 2004 para cá, o número de cursos e campi mais do que dobrou. Em 2004 foi criado o Campus de Santos, em 2007 Guarulhos, Diadema e São José dos Campus, e mais recentemente, em 2011 o campus Osasco. Agora a UNIFESP conta com mais de 30 cursos e a tendência é continuar expandindo.

Recentemente veio à baila a notícia da abertura de outros 3 Campi: Santo Amaro, Embu das Artes e Pacaembu. Isto revoltou profundamente os alunos dos primeiros Campi, uma vez que estes vem suas demandas sendo postergadas em favor de uma expansão eleitoreira, que irá condenar mais jovens à mesma situação de descaso e negligência.

No meu Campus estamos em greve há mais de 50 dias, e as nossas reinvindicações não são novas: é a quarta greve em pouco menos de seis anos. Desde que nossa Escola foi inaugurada, não temos sequer um prédio. Somos obrigados a ocupar uma ETEC e um CEU, que deviam servir à comunidade local, uma população de baixa renda que não tem alternativas para educação, esporte ou cultura.

Apesar de ter tomado esses espaços dos moradores dos Pimentas, o Governo e a Reitoria propagandeiam que uma Universidade Federal num bairro proletário ajudaria a qualidade de vida daquelas pessoas. Mas como isso se dá, na prática ? Sem moradia estudantil, por exemplo, os alunos, que muitas vezes vem de outras cidades, se vem forçados a alugar quartos e espaços na região. Nesse espaço de tempo, desde a inauguração do Campus em 2007, a especulação imobiliária no entorno explodiu. As pessoas que moravam há gerações na região estão sendo despejadas por não poder mais arcar com o aluguel, com o custo de vida.

Sem um restaurante universitário que atenda a demanda do Campus (somos em 2600 alunos, no restaurante cabem 60), o preço da alimentação nos bares e comércios da região também aumenta. Sem um transporte de qualidade com preço popular, entupimos as poucas vias de acesso a uma região já debilitada.

Não queremos ser, mas também não podemos negar nossa condição enquanto agentes nesse processo de gentrificação que vai muito além dos muros da Universidade. É um projeto nacional usar a Educação como pretexto para supervalorizar terrenos e jogar os pobres para cada vez mais longe. Basta considerar que o REUNI foi inspirado na declaração de Bolonha, uma política amplamente incentivada pelo Banco Mundial. São muitos os interessados nesta equação.

Enquanto isso, o novo prédio de Santos teve o teto caído por conta de uma forte chuva, pouco mais de um mês desde sua inauguração. O prédio novo de Diadema, pronto há dois anos, será inaugurado nesta sexta feira. E a licitação do nosso prédio sequer saiu do papel. Há uma previsão de que talvez, talvez, ele esteja concluído e pronto para uso na segunda metade de 2015. Mas, evidentemente, não há qualquer compromisso escrito nesse sentido.


MAS, AFINAL, PELO QUE LUTAM OS ESTUDANTES DA UNIFESP GUARULHOS ?

Lutamos por um prédio com as condições mínimas para estudar: salas de aula, biblioteca, espaços de convivência, quadra de esportes, laboratórios de pesquisa, etc.

Lutamos por um restaurante universitário que atenda a demanda, ônibus municipal que ligue Guarulhos a São Paulo com um preço popular e atenda toda a população, um restaurante popular no bairro, uma creche para alunos, funcionários e docentes, mas que também possa atender aos moradores do bairro.

Lutamos pela anistia aos processos políticos que se arrastam desde 2008, quando 48 alunos foram presos pela polícia federal por ocupar a Reitoria por 10 minutos. 

Pelo fim da burocracia acadêmica e por um governo universitário em que os estudantes possam ter voz e participação nas decisões sobre os Campi.

Lutamos pela queda dos muros e dos portões, pela abertura real da Universidade ao seu entorno, afinal de contas são os trabalhadores que custeiam a educação com seus impostos, e dela tem direito a usufruir!


METROVIÁRIO, PODE LUTAR: OS ESTUDANTES VÃO TE APOIAR!


TODO O APOIO À GREVE DOS METROVIÁRIOS DE SÃO PAULO!

Nessa última terça-feira, 22 de maio, os metroviários de São Paulo em assembleia que reuniu cerca de 2 mil trabalhadores decidiu por greve por tempo indeterminado. Esta foi a resposta dos trabalhadores frente à intransigência da empresa e do governo de Geraldo Alckmin (PSDB).

A decisão foi tomada depois de audiência entre a empresa e representantes do sindicato no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) em que a empresa rejeitou a proposta dos trabalhadores. A empresa apresentou proposta de 4,15% de reajuste e 1,5% de aumento real. Os trabalhadores reivindicam reposição da inflação de 5,37%, segundo os índices do DIEESE, e 14,99% de aumento real.

A campanha salarial também defende creches próprias para as trabalhadoras, redução da tarifa, 2% do PIB para o transporte público e o fim das privatizações das linhas do metrô.

INTRANGIÊNCIAS DOS PATRÕES E DO GOVERNO

O Sindicato propôs como alternativa à paralização a liberação das catracas à população. O argumento dos patrões e governos para atacar o direito à greve é de que esta prejudica à população e por isso os trabalhadores não teriam direito à greve. Porém, a resposta à alternativa das catracas livres foi negativa. E mais, a empresa ameaça chamar a polícia caso os trabalhadores liberem as catracas à população trabalhadora. Fica evidente que para as governos e empresa a população está longe de ser prioridade e o prejuízo com o qual se preocupam governo e patrões são aos seus lucros.

A justiça ainda determinou o funcionamento de 100% das linhas no horário de pico e 85% destas nos horários normais. Caos esta determinação não seja cumprida, está prevista multa de R$100 mil diários. O sindicato já anunciou que não cumprirá com esta determinação! Essa mesma Justiça que hoje criminaliza o direito legitimo de protesto dos trabalhadores é a mesma que no estado governado por Alckmin determina que estudantes que lutam em defesa da educação são criminosos, que a luta por moradia deve ser reprimida, que a zona conhecida como cracolândia é caso de polícia defendendo seu uso para os especuladores imobiliários, e um longo etc!

A ALIANÇA ENTRE ESTUDANTES E TRABALHADORES PODE DERRUBAR AS CATRACAS DO MUNDO!

Nós estudantes nos mobilizamos pelo direito ao transporte. Não foram poucos os atos Brasil afora que protestaram contra o aumento abusivo das tarifas. Na maioria deles o que encontramos foi a intransigência dos governos e empresários e a dura repressão sobre o movimento. Foram dezenas de estudantes seriamente feridos e presos por lutarem pelo direito ao transporte público de qualidade.

Os trabalhadores metroviários da cidade de São Paulo saem em defesa dos seus direitos, em defesa do salário digno. Se o Brasil está crescendo tanto como dizem, porque não atender às demandas dos trabalhadores que lutam por melhores condições de vida e trabalho? Além disso, defendem, como nós estudantes e o conjunto dos trabalhadores, o transporte público e de qualidade.

É importante lembrar que semana passada vimos um triste acidente no metrô de São Paulo que só não se tornou tragédia porque  o maquinista evitou que isso acontecesse. Além disso, os seguranças e metroviários auxiliaram a população acidentada pelo acidente. São estes mesmos trabalhadores que hoje se levantam em luta.

A ANEL vem através dessa nota prestar todo o apoio e solidariedade à greve dos metroviários de São Paulo. Os estudantes que lutam por melhores condições de ensino para todos, que lutam pelo transporte público para estudantes e trabalhadores, que lutam por um mundo diferente, estão do lado e apoiam os trabalhadores metroviários em sua luta. Não só porque nos solidarizamos, mas também porque é parte da mesma luta que travamos dia a dia.

METROVIÁRIO, PODE LUTAR: OS ESTUDANTES VÃO TE APOIAR!

22 de maio de 2012

ANEL na Marcha da Maconha ABC



Guerra aos pobres, eu digo não!
ANEL na Marcha pela Legalização!

O tema da legalização das drogas é assunto polêmico na sociedade brasileira e mundial, porém precisa ser discutido. Hoje a política de drogas usada no Brasil e em grande parte do mundo gera um gasto milionário aos cofres públicos e não resolve os problemas relacionados às drogas nem impede seu uso e sua comercialização. O Brasil já é o terceiro país que mais prende seus cidadãos no mundo, atrás apenas de EUA e China, e dos cerca de 500 mil detidos no país praticamente um quarto deles está nesta situação desumana por conta de crimes relacionados à drogas, e hoje a maior parte dos afetados pela guerra às drogas (que são presos ou assassinados) tem pele escura e são pobres. A ilegalidade fortalece o tráfico e a violência nos morros e favelas do país. A violência do Estado para reprimir os usuários e traficantes tem práticas racistas, onde o negro é traficante e o branco é usuário (cartilha da Polícia Militar). As drogas são usadas para criminalizar os pobres e os movimentos sociais, basta lembrar que a mídia usou como parte da campanha contra a ocupação do Pinheirinho a justificativa de que lá existia tráfico de drogas. Além dos episódios que estamos assistindo no centro de São Paulo, como do Moinho e da Cracolândia. Nos morros e favelas não existem leis e direitos, a policia atira para matar a juventude negra e pobre, invade casas e aborda indivíduos, atacando suas privacidades, sob pretexto de combate às drogas. Essa política proibicionista é um mecanismo de criminalização e controle social e racial da população pobre.

A falência da política proibicionista em termos humanos, de segurança, de direitos, liberdades e saúde pública é cada vez mais explícita, tornando-a insustentável.

Basta de guerra, racismo, moralismo, violência, corrupção e proibição. Queremos o direito à saúde, à informação, ao próprio corpo, à autonomia, à liberdade: é hora de uma nova política de drogas para o Brasil. (Leia também o manifesto "Basta de Guerra")

Convocamos tod@s @s estudantes para a Marcha da Maconha ABC

As marchas pela legalização da maconha é um movimento social histórico que há muitos anos vem ocupando as ruas do Brasil e do mundo. Durante muito tempo foram criminalizadas e tratadas como apologia ao crime de uso de drogas, mas em 2011 o Supremo Tribunal Federal julgou legal e autorizou as Marchas da Maconha em todo território nacional. No dia 26 será realizada a Marcha da Maconha ABC em Diadema, apesar da legalidade garantida pelo STF, a Prefeitura de Diadema tentou impedir sua realização, desautorizando os organizadores da Marcha. Contudo, a Marcha vai acontecer com ou sem aprovação do Prefeito Mario Reali. Vamos às ruas colocar em pauta este debate para a população de Diadema e região!

Dia 26 de Maio - 13h 
Na Praça da Moça (Centro - Diadema) 

Obs: Quem vem de São Paulo, pode pegar o trolebus para Diadema no Jabaquara - acesso pelo metrô.

Oficina de cartazes:
Dia 25 - 19h na Fundação Santo André (Prédio da FAFIL)

GREVE na Unifesp Diadema

Professores de cinco campi da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) decidiram entrar em greve nesta terça-feira (22) - apenas os professores de Guarulhos não aderiram à paralisação. A decisão foi tomada durante assembleia geral e faz parte do movimento nacional de paralisação das universidades federais. Até o momento, 40 universidades estão paradas, além de 3 institutos federais.

Segundo Virgínia Junqueira, presidente da Adunifesp (Associação dos Docentes da Unifesp), os professores de Guarulhos participam das mobilizações, mas ainda não aderiram à paralisação porque os alunos da unidade estão em greve há mais de dois meses. A próxima assembleia geral está marcada para o dia 29 de maio. Os campi paralisados são: Diadema, Baixada Santista, Osasco, São José dos Campos e São Paulo. (1)

O campus da Unifesp em Diadema, que votou GREVE desde o dia 17, é fruto do REUNI, e como parte da expansão precarizada do decreto federal, os estudantes sofrem com problemas de infraestrutura desde a sua fundação. Os problemas, levando em conta suas particularidades, são os mesmos que ocorrem por várias universidades em todo país:  falta de restaurantes universitários e RU's que não comportam a demanda e fazem surgir filas cada vez maiores, falta de moradias e bolsas insuficientes e sem reajuste, salas de aula super-lotadas, obras não finalizadas, e a conseqüente falta de prédios e salas de aula que comportem a parte acadêmica e administrativa dos cursos novos e um longo etc.

A greve aprovada pelos estudantes e professores do campus de Diadema é parte de uma mobilização nacional em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, e de uma expansão com 10% do PIB para a educação!

É um absurdo que o governo Dilma deixe a educação pública brasileira sob essas condições. Elegeu-se com a confiança dos brasileiros de que a educação seria uma prioridade em seu governo, e o que dá em troca é isso? A única forma de resolver esse problema é através da luta, das mobilizações, protestos de rua, ocupações de reitoria e greves. Ao longo da história do nosso país, só conseguimos avançar em direitos e soluções aos problemas sociais com muita luta! Em 2012, também não será diferente.

Desde já, convidamos todos os lutadores para a nossa VI Assembléia Nacional, que deverá ser um desaguadouro natural de todo o processo de mobilização nacional, no dia 16 de junho no Rio de Janeiro. É preciso desde já unificar o conjunto do movimento estudantil. É nesse sentido que a ANEL tomou a iniciativa de lançar o "MANIFESTO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL BRASILEIRO", para que seja assinado pelos diversos DCEs e entidades estudantis do país. Este Manifesto, além de prestar todo o apoio à greve da educação, convoca todos e todas à Marcha Nacional pela Educação no dia 5 de junho, que já está sendo convocada pela FASUBRA e pelo ANDES-SN, e a instalação nesta mesma data do COMANDO NACIONAL DE GREVE DOS ESTUDANTES. Com a presença das principais entidades estudantis, este Comando deve ser nosso principal instrumento para articular, organizar e potencializar a mobilização dos estudantes.

Leia carta de reivindicações dos estudantes da Unifesp Diadema, clique aqui.


(1) Texto: UOL Educação.

21 de maio de 2012

Vem aí... VI Assembléia Nacional da ANEL



Vem aí... VI Assembléia Nacional da ANEL.
Participe da delegação do seu Estado!

16 de junho, no Rio de Janeiro

Dia 15 de maio de 2012 completou-se 1 ano da ocupação da Plaza Puerta del Sol, em Madrid na Espanha. A juventude espanhola, novamente, foi ocupar a Praça, guiados pela Revolução Árabe e o símbolo que se tornou a Praça Tahrir do Egito. Nós no Brasil temos visto com muita expectativa o desenrolar das revoluções que derrubam ditaduras e das mobilizações e guerra social que vive a Europa, em especial a Grécia, imersa em planos de austeridade, crises políticas, incertezas e muita gente na rua. É no meio das lutas de juventude e do desenrolar da crise econômica mundial que a Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre convoca, com muito entusiasmo, todo o movimento estudantil brasileiro a se reunir no dia 16 de junho, no Rio de Janeiro, na VI Assembléia Nacional da ANEL.

Greve nas Federais e a Luta por Expansão com 10% do PIB para a Educação!

                Vivemos a maior greve das Instituições Federais de Ensino Superior da última década. O acúmulo de problemas e de uma situação de trabalho e estudo nas IFES gerou uma revolta crescente entre professores, estudantes e funcionários que fez explodir a luta. Já são quase 50 universidades e institutos que deflagraram a greve docente, quase 20 destas os estudantes já aderiram greve estudantil e ao que tudo indica, os funcionários também irão se incorporar.
No dia 24 de abril de 2012, completou-se 5 anos da implementação do REUNI – Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais. Ao longo desses anos, por conta de uma política irresponsável do governo federal de expandir as universidades sem aumentar qualitativamente as verbas, foram acumulando-se muitas contradições. Há um número maior de cursos, de alunos em salas de aulas, porém faltam professores, estrutura física, assistência estudantil – são cada vez maiores as filas dos restaurantes universitários e a demanda por moradias, bolsas de estudo e creches universitárias. Essa situação levou a que diversos estudantes organizassem grandes mobilizações no semestre passado. Foram algumas greves, mais de 15 ocupações de reitorias, além de massivas assembléias e protestos. Unificando todas as lutas, a ANEL junto com ANDES-SN, CSP Conlutas, MTST, SINASEFE, entre outros, organizaram uma grande campanha em defesa do investimento de 10% do PIB para a educação pública já, realizando uma Marcha em Brasília com 20 mil estudantes e trabalhadores e um Plebiscito Popular com mais de 400 mil votos de todo o país.
                 Nos marcos de um avanço da precarização das universidades, há uma situação cada vez mais degradante das condições de trabalho dos docentes e técnico-administrativos. Sofrem também com a falta de investimento e a expansão sem qualidade, que não trouxe uma quantidade maior de profissionais que desse conta da maior demanda, e por isso há uma enorme sobrecarga de trabalho. Além disso, reivindicam uma reestruturação da carreira e reajuste salarial, que sequer o acordo firmado com o governo no ano passado foi respeitado! Por conta dessa situação, o ANDES-SN convocou a greve das IFES para o dia 17 de maio, e desde então foi instalado o Comando Nacional de Greve. São cada vez mais universidades aderindo! A FASUBRA está com o indicativo de greve para o dia 11 de junho. Em várias universidades, os professores já aprovaram greve em suas assembléias, com votações de ampla maioria a favor da paralisação das aulas. Os estudantes da ANEL tem prestado todo o seu apoio à justa mobilização docente, e é um dever agora potencializar a luta dos professores e funcionários colocando também o movimento estudantil na linha de frente dessa batalha!
Se o governo federal corta verbas para a educação (R$5 bilhões entre 2011 e 2012!) e busca aprovar o novo Plano Nacional de Educação que incorpora as metas do REUNI, transformando-as em política de estado. Se Dilma se nega em ampliar o investimento para a educação pública, garantindo 10% do PIB já. Se as reitorias de todo o país agem com completa falta de democracia na alocação dos recursos e nas decisões dos conselhos universitários. Nós, estudantes, devemos lutar! Queremos sim uma expansão, que tenha de fato qualidade, e para isso, é necessário ampliar o investimento para no mínimo 10% do PIB para a educação pública. Devemos exigir a construção de novos restaurantes universitários, a ampliação do número das bolsas e o aumento para o valor de R$500,00 com reajuste de acordo com a inflação, mais vagas nas moradias e creches universitárias, infra-estrutura de qualidade para todos os cursos novos, abertura de concurso público para mais professores efetivos e técnico-administrativos, além de exigir às reitorias prioridade nos orçamentos para assistência estudantil e que haja uma real democracia nas decisões da universidade, com paridade nos conselhos universitários e nas eleições para reitorias e diretorias.
                A ANEL impulsionou a construção do MANIFESTO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL BRASILEIRO, para que as diferentes entidades estudantis assinem. O Manifesto convoca a Marcha Nacional pela Educação, que ocorrerá no dia 5 de junho em Brasília, de todo o funcionalismo federal, e que terá um grande peso das universidades federais.
É muito importante desde já organizar todos os estudantes a se somarem às caravanas de seus estados. No mesmo dia, propomos a construção do Comando Nacional de Greve dos Estudantes, para unificar e articular nacionalmente a mobilização. E no dia 16 de junho, a VI Assembléia Nacional da ANEL deverá ser o catalisador de todo esse processo de lutas e greve da educação, para fortalecer a campanha nacional por uma expansão com 10% do PIB para a educação, além da articulação entre estudantes, professores e funcionários na defesa de condições de trabalho dignas e de uma educação pública, gratuita e de qualidade. 

Assembléia Nacional durante a Cúpula dos Povos: ANEL em defesa do meio ambiente!

Aqui no Brasil, entre os dias 20 e 22 de junho, será realizada o evento “Rio+20: Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável”. A iniciativa é mais uma tentativa dos governos de responder a enorme crise ambiental que vive nosso planeta, dados os alarmantes índices de poluição, uso irracional dos recursos naturais, ameaça à biodiversidade, aquecimento global, etc. Porém, até entre os ambientalistas não há grandes expectativas nessa Conferência. Além de que os principais governantes, como Obama e Merkel, não confirmaram presença, os encaminhamentos da Conferência devem mais uma vez representar uma grande fachada. Assim como o protocolo de Kyoto (1998), a Rio 92 e a COP 15 (2009), o que se espera é mais uma boa carta de intenções e nenhuma medida real que de fato regulamente os governos e empresas para a defesa do meio ambiente.
Uma série de movimentos sociais e ONGs estão se organizando para construir em paralelo a “Cúpula dos Povos”, evento que será realizado entre os dias 15 a 23 de junho. A partir do mote “Por Justiça Social e Ambiental”, este evento está aglutinando grandes debates acerca da temática ambiental. Apesar das críticas pontuais que fazem à Rio+20, serão parte de sua organização e não apresentam uma saída para a crise ambiental além do chamado “desenvolvimento sustentável”. Nesse sentido, diversos movimentos sociais como a CSP Conlutas, o movimento Xingu Vivo, a Auditoria da Dívida Pública e a própria ANEL estarão presentes nesse espaço, questionando seu caráter e buscando pensar saídas de luta para defender o meio ambiente e a condição de vida digna da classe trabalhadora.

Veta tudo, Dilma! Não ao novo Código Florestal!

Na véspera da realização do Rio+20, o Congresso Nacional aprovou, por 274 votos a favor e 184 contra, o novo Código Florestal (PL 1876/99), que agora aguarda a sanção ou o veto da presidente Dilma até o dia 25 de maio. O texto aprovado é um crime contra as matas e florestas brasileiras. Prevê absurdos, como anistia aos que já desmataram e ao produtor que descumprir o prazo de cinco anos para regularizar suas terras, diminui a distância mínima do leito dos rios para as chamadas APPs (áreas de preservação permanente), aumenta a concessão de crédito rural para os desmatadores, etc. A bancada ruralista do congresso, que vai desde o PSDB e PP até o PMDB, PT, PCdoB e PV (base aliada do governo), ficou bastante satisfeita.
O Brasil possui índices assustadores de desmatamento. Segundo o IBGE, cerca de 15% da Amazônia já foi desflorestada, 48% do cerrado já foi desmatado e restam apenas 10% da mata atlântica. A maior parte do desmatamento no Brasil é do latifúndio, que cultiva soja e outras commodities (produtos primários) para serem exportados. Só no estado do Mato Grosso, de agosto de 2011 a março deste ano foram desmatados 637 quilômetros quadrados da Floresta Amazônica, 96% mais que no mesmo período do ano passado. E em Roraima, o desmatamento cresceu 367%! Nosso país é rico em terras cultiváveis, que deveriam servir aos pequenos produtores com a finalidade de resolver a fome que assola milhões de brasileiros. E não ampliar ainda mais o lucro de grandes empresários do agronegócio que não tem qualquer preocupação com o meio ambiente, a vida de milhares de indígenas que vivem nestas terras e a condição de vida dos trabalhadores brasileiros.
Dilma, agora está com o projeto em sua mesa. O governo afirma que pode vetar alguns pontos do projeto, porém isso não será suficiente. Há uma lógica fundamental que guia esse novo Código Florestal, que é criar condições de beneficiar a produção em larga escala dos grandes latifundiários e empresários do agronegócio. Para isso, podem passar o trator nas florestas e famílias indígenas, que o “crescimento da economia deve vir em primeiro lugar”.
Precisamos de um Código Florestal oposto pelo vértice desta proposta aprovada. Que tenha compromisso com a reforma agrária e não com o latifúndio. Que tenha medidas de proteção ao meio ambiente, com punições claras para os desmatadores, demarcação das terras das tribos indígenas, incentivo aos pequenos produtores, etc. Por isso devemos dizer em alto e bom som, por todo o Brasil: Veta tudo, Dilma! Não ao novo Código Florestal!

Pare Belo Monte! Em defesa do Xingu Vivo.

                A campanha “Pare Belo Monte!” também terá destaque nos debates da Cúpula dos Povos. Impulsionada pelo movimento Xingu Vivo, a campanha só se fortalece em todo o Brasil, e a ANEL quer colocar sua Assembléia Nacional a serviço de impulsionar ainda mais a resistência à construção da usina hidrelétrica. Este grande empreendimento, que conta com o apoio do governo federal e incentivos fiscais e financeiros do BNDES, irá trazer conseqüências graves ao meio ambiente e a população ribeirinha que vive na região: o alagamento de grandes áreas que ameaça a biodiversidade com várias espécies passíveis de extinção, a seca de parte do Rio Xingu, a remoção dos povos ribeirinhos e aldeias indígenas, as péssimas condições de trabalho dos operários dos canteiros de obras, além da completa falta de planejamento urbano para comportar a mega obra. Só quem ganha com isso são as grandes empreiteiras, construtoras e os proprietários das indústrias que irão se aproveitar da energia produzida.
                O governo Dilma diz que a obra é necessária para desenvolver o país e ampliar as matrizes energéticas. Mas será apenas uma mera coincidência que o apoio do governo à construção da hidrelétrica venha depois de que 40% dos recursos da campanha para eleger a Dilma presidente foram financiados por grandes empreiteiras, como a Camargo Correa, Andrade Gutierrez e Norberto Odebrecht? Na realidade, há uma série de outras formas de produzir mais energia sem prejudicar a Amazônia e respeitando as milhares de famílias que vivem na região. É necessário investimento em fontes renováveis de energia que não tenham tais impactos ambientais. Ainda por cima, há outras hidrelétricas na região, e de acordo com estudos feitos pelo professor Célio Bermann da USP, se apenas fosse feita a manutenção das que já existem, haveria uma produção de energia maior do que produzirá Belo Monte! Além disso, as obras têm sido feitas em base a uma enorme exploração dos operários da construção civil, que já fizeram diversas greves e manifestações para cobrar melhores condições de trabalho, todas acompanhadas de perto pelo sindicato da construção civil de Belém e a CSP Conlutas.
                O movimento Xingu Vivo está organizando o evento Xingu+23, relembrando uma das maiores e mais radicalizadas manifestações do povo indígena na história do país, há 23 anos atrás (1989), com a presença de 3000 pessoas. O protesto ficou marcado pela atitude da índia kaiapó Tuíra, que tocou com a lâmina de seu facão o rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes. O gesto forte de Tuíra foi registrado pelas câmaras e ganhou o mundo em fotos estampadas nos principais jornais brasileiros e estrangeiros (veja os vídeos no youtube!).
                Os debates na Cúpula dos Povos e a VI Assembléia Nacional da ANEL devem servir para dar um basta a essa situação. Devemos construir uma grande campanha nacional, com apoio internacional, que exija ao governo Dilma que PARE BELO MONTE. Em defesa da floresta amazônica, dos povos indígenas e ribeirinhos, dos operários da construção civil, entre também nessa campanha!

A luta contra o machismo, racismo e homofobia é todo dia!

                A juventude brasileira sofre todos os dias com várias formas de preconceito. A juventude negra, que em sua maioria vive nas periferias e favelas brasileiras, é o alvo prioritário da violência urbana e policial. A juventude de 18 a 24 anos representa 47% dos casos de homicídios, porém em sua ampla maioria são negros. Há uma diferença, de acordo com dados de 2008, de 111,2% de mortes de negros em relação aos brancos. Os estados que mais matam negros são Pernambuco, Alagoas, Espírito Santo, Distrito Federal e Rio de Janeiro, onde há um verdadeiro genocídio da população e juventude negra. Esses índices só demonstram como o racismo ainda é uma ameaça concreta a igualdade entre negros e brancos, que seguem ganhando os piores salários, ocupam os postos de trabalho mais precários e são os primeiros a abandonar os estudos para trabalhar. A juventude negra não está nas universidades porque foi alijada historicamente deste espaço. Recentemente, o STF julgou a constitucionalidade das cotas raciais, e graças a toda a pressão do movimento negro, conseguimos uma vitória parcial. Porém, de acordo com a vinda do tema à tona, ganham maior espaço os setores reacionários e racistas que querem excluir ainda mais a população negra. Está na hora do movimento estudantil de todo o país agarrar com força a luta pelas cotas raciais!
                É necessário também que avancemos em lutas em defesa dos direitos das mulheres e contra o machismo. As Marchas das Vadias, que questionam todo o “papel natural” destinado às mulheres e a violência e assédio que sofrem em casa, no trabalho e nas ruas, têm se fortalecido em todo o país como um pólo de aglutinação e resistência. A ANEL, junto com o Movimento Mulheres em Luta que é também filiado à CSP Conlutas, deve organizar em todo o país campanhas contra o machismo, que defenda os direitos das mulheres e batalhe pela construção de creches públicas e universitárias.
                A luta LGBT, de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros, tem ganhado destaque em cenário nacional. Dia 16 de maio foi realizada a III Marcha Nacional contra a Homofobia, e a divulgação e venda da Cartilha da ANEL contra a homofobia nas universidades e escolas foi um sucesso! Enquanto o governo Dilma se nega a criminalizar a homofobia e os estudantes são privados de uma educação básica que ensine o respeito à diversidade, a ANEL deve seguir organizando, junto com os movimentos LGBTs, uma forte campanha de virada contra a homofobia!
                A VI Assembléia Nacional da ANEL estará comprometida, como é rotina em nossa entidade, com a batalha contra as opressões, em defesa dos negros(as), mulheres e LGBTs. A Assembléia deverá impulsionar novas campanhas e cartilhas para construir desde a base um movimento estudantil livre das opressões!

Eleja delegados no seu curso ou escola e venha participar da VI Assembléia Nacional da ANEL!

                Serão centenas de estudantes, delegados eleitos em sua base, que irão para o Rio de Janeiro no dia 16 de junho debater os principais desafios do próximo período para o movimento estudantil brasileiro. Em cada curso, universidade e escola, as Comissões Executivas Estaduais da ANEL estarão encarregadas de fazer um amplo processo de divulgação, discussão e eleição dos delegados para participar da Assembléia, colado em cada processo de luta! Cada DCE ou Executiva de Curso pode eleger 3 delegados, os Centros e Diretórios Acadêmicos e os Grêmios elegem 2 delegados, e os coletivos e oposições 1 delegado. Inicie o debate no seu curso ou escola e eleja delegados! Fazemos um convite também para que os diferentes coletivos que constroem a oposição de esquerda da UNE participem também da Assembléia, com o objetivo de unificar nossas lutas e fazer uma experiência com a entidade, que estará de portas abertas aos companheiros. Qualquer dúvida, entre em contato com a Executiva Nacional da ANEL a partir do email contato@anelonline.org.

Venha participar conosco e construa também a história do movimento estudantil brasileiro!

Declaração da ANEL de apoio à greve das IFES e pela construção do Comando Nacional de Greve dos Estudantes


“...Não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
Pois em tempo de desordem sangrenta,
De confusão organizada,
De arbitrariedade consciente,
De humanidade desumanizada,
Nada deve parecer natural,
Nada deve parecer impossível de mudar.”
 Bertolt Brecht

Através desta declaração, a ANEL presta seu total e irrestrito apoio à greve dos docentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Pela justeza de suas reivindicações e a força de sua mobilização, nos somamos às assembléias e comandos de greve e convocamos todos os estudantes a também se levantar, em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, e de uma expansão com 10% do PIB para a educação. Essa luta é de todos nós, trabalhadores e estudantes brasileiros.

A força da greve é impressionante. Até o momento, já são 45 IFES que aprovaram parar, sendo 41 universidades e 4 institutos. Além destas, há diversos informes de assembléias que serão realizadas nos próximos dias para deliberar sobre a greve. De acordo com Pires, 2º vice-presidente da Regional Rio Grande do Sul do ANDES-SN: “Quem estava em dúvida se era oportuno entrar na greve, agora, devido à força inicial, tem decidido pela paralisação”. De acordo com a nota oficial do Comando Nacional de Greve: “são muitos os relatos de assembléias e atos públicos considerados históricos pelo número de participantes, qualidade dos debates e entusiasmo. A greve se mostra forte desde o início e o conjunto de informações indicam que o movimento se ampliará ainda mais nos próximos dias.” Não é nenhum exagero afirmar que este movimento grevista de 2012 deverá superar a histórica greve de 2001.

Veja as IFES que já aprovaram a greve

Já estão em greve: UFAM, UFPA, UFRA, UFOPA, UNIFAP, UNIR, UFRR, UFAC, UFMA, UFPI, IFPI, UFPB, UFCG, UFAL, UFPE, UFRPE, UFS, UFERSA, IFC, UNIVASF, UFMT, UFG campus catalão, UFGD, UFOP, CEFET/MG, CTU/JF, UFLA, UNIFAL, UFV, UFU, UFVJM, UFSJ, UFTM, UFES, UNIPAMPA, FURG, UFPEL, UFPR, UTFPR.
Entra na segunda (21/05): UFRB, UnB, UFJF, UniRio, UFRRJ.
Entra na terça (22/05): UFF.

Entenda por que os professores entraram em greve
 
 Quando um estudante se depara com a situação dos seus professores pararem as aulas para fazer greve, muitas vezes a reação imediata é questionar, já que estaria prejudicando as suas aulas. Contra essa reação, a ANEL alerta: a culpa de estarmos sem aulas é do governo federal, e não dos professores em greve, e nas próximas linhas explicitaremos o porquê.

Em 2011, no ano passado, o ANDES-SN fechou um acordo com o governo federal que incluía reestruturação da carreira docente, valorização do piso e incorporação das gratificações, o que ficou chamado de “Acordo 04/2011”. Como explicitava a ‘cláusula III’ do acordo, “a representação governamental adotará as providências necessárias para que os efeitos financeiros das medidas previstas nesta cláusula sejam implementados em março de 2012”. Já estamos em maio e o acordo foi descumprido.

Diante da ameaça de greve, o governo apresentou no dia 14 de maio a Medida Provisória 568/12, que inclui parte do acordo firmado ano passado (reajuste de 4%) e mais uma série de elementos bastante polêmicos. Sequer contempla a principal reivindicação relativa à reestruturação da carreira docente, o que foi o motivo fundamental da deflagração da greve. Fica claro que foi uma jogada política para buscar desarticular a greve, mas os professores que não são bobos nem nada, não caíram nessa.

A MP 568/12 transforma os adicionais de insalubridade e periculosidade em valores fixos, ao invés de serem por porcentagem (como funciona hoje). Além de ter fixado os valores nivelando por baixo, retira a possibilidade de reajuste dos adicionais, já que sendo fixos não poderiam sofrer alterações. Além disso, reduz quase que pela metade o salário dos médicos dos Hospitais Universitários. Como se não bastasse apresentar o projeto da EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – para ser votado nos Conselhos Universitários, que avança na privatização dos HUs, ainda diminui a valorização do trabalho dos médicos. É preciso exigir ao governo que retire já essa MP e negocie com o Comando de Greve, atendendo suas reivindicações. Até agora, o governo Dilma se mostrou intransigente ao diálogo.

Para os técnico-administrativos, de acordo com a FASUBRA, a pauta tem como eixos fundamentais: aumento do piso salarial, solução das pendências na carreira, reposicionamento dos aposentados, reajuste salarial de 22,08% (com reposição da inflação de 2010 e 2011), data base dia 1º de maio, definição de uma política salarial digna para os trabalhadores do serviço público.

Há, no entanto, um elemento extremamente potencializador das revoltas entre os docentes e técnico-administrativos, que não se traduz exatamente por essas reivindicações. Nos últimos anos, acumulou-se uma condição cada vez mais precária de trabalho nas universidades, e é impossível não identificar essa situação com o processo de expansão desordenado e sem recursos promovido pelo governo federal através do REUNI.  
                  
A expansão deve ter direito à qualidade!

Imagine um balão de ar. Na medida em que você assopra mais, ele vai crescendo. Por conta do limite da sua elasticidade, para seguir soprando e o fazer ficar ainda maior, ou você compra outro, mais largo e com uma borracha mais resistente, ou inevitavelmente ele vai estourar. A partir desta metáfora, é possível compreender o que se passa nas universidades e institutos federais com um processo de expansão que, nos últimos 5 anos, foi feito sem o aumento necessário de verbas. É um absurdo que cerca de apenas 4% da juventude brasileira tenha acesso às universidades públicas, portanto a expansão das vagas é extremamente necessária. Para se fazer isso com qualidade, porém, é necessário tratar com prioridade e investir os recursos necessários, e não foi isso que o REUNI fez.

O REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – o conhecido decreto 6096 instaurado pelo governo Lula em 24 de abril de 2007, buscava impor centralmente duas metas para as universidades federais, que propunham quase dobrar o número de alunos pro professor e praticamente atingir a aprovação automática, contidas em seu artigo 1º:

“§ 1o  O Programa tem como meta global a elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para noventa por cento e da relação de alunos de graduação em cursos presenciais por professor para dezoito, ao final de cinco anos, a contar do início de cada plano.”

Para atingir as metas, o decreto apontava, entre outras questões, uma “revisão da estrutura acadêmica” e a “diversificação das modalidades de graduação” (artigo 2º, diretrizes III e IV). Tratava-se da reestruturação completa dos currículos, da abertura de novos cursos de graduação com carga horária e determinação profissional mais enxuta e flexível, além de avançar para a construção dos chamados “Bacharelados Interdisciplinares”.

O REUNI promoveu um aligeiramento dos currículos e um processo crescente de substituição dos cursos profissionalizantes ou criação de novos “tecnólogos”, com a simplificação das graduações. Ou seja, a universidade pública perde a qualidade no ensino que apesar de todas as desigualdades ainda conseguia resistir e passa por uma metamorfose para transformar-se em um grande “escolão de 3º grau”. O governo federal trabalhou com números e estatísticas, e não estudantes que seriam futuros profissionais de qualidade, e assim tenta nos impor uma formação barata para cumprir papel de mão-de-obra de baixa qualificação e ocupar postos de trabalho precarizados.

Para viabilizar a implementação do projeto financeiramente, as universidades federais receberiam um “incentivo”, expresso no artigo 3º do decreto:

“§ 1o  O acréscimo de recursos referido no inciso III será limitado a vinte por cento das despesas de custeio e pessoal da universidade, no período de cinco anos de que trata o art. 1o, § 1o.”

O decreto apontava ainda, no mesmo artigo, que a expansão deveria garantir:

“I - construção e readequação de infra-estrutura e equipamentos necessárias à realização dos objetivos do Programa;
II - compra de bens e serviços necessários ao funcionamento dos novos regimes acadêmicos; e
III - despesas de custeio e pessoal associadas à expansão das atividades decorrentes do plano de reestruturação.”

Os cinco anos que aborda o decreto passaram, e agora temos o dever de questionar:

As universidades federais que viveram o REUNI receberam o investimento necessário?
Os três pontos acima relatados no decreto foram respeitados pelo governo federal?
Foi preservado o tripé ensino-pesquisa-extensão?
Em base a que condições de trabalho para professores e funcionários o projeto foi implementado?
Foi garantida a assistência estudantil necessária para a permanência na universidade?
Foi garantido o caráter público e gratuito sem avançar as parcerias público-privadas?
Qual a situação que encontramos atualmente em cada universidade, passada a experiência da expansão e da reestruturação acadêmica?

Há cinco anos, os estudantes lutaram, ocuparam reitorias em todo o país, dizendo que não bastava expandir, mas que era preciso fazer isso sobre outra lógica e com mais investimentos. Hoje, os problemas que foram alertados há 5 anos atrás se tornaram realidade. Acreditamos que a atual greve é a resposta mais contundente a todas essas perguntas: sem condições mínimas que subsidiassem uma expansão com qualidade, o balão estorou.

A difícil realidade das universidades federais e da educação pública brasileira

Só nos últimos 2 anos, governo Dilma cortou quase R$5 bilhões da educação, e ao mesmo tempo, apresentou o novo Plano Nacional da Educação. Este Plano, além de aprofundar as medidas de transferência da verba pública para o setor privado e avançar na precarização da educação, não resolve o problema fundamental que vivem as universidades e escolas: a falta de financiamento. Propõe na meta 20 do PNE o aumento para 7% do PIB em educação, a ser atingido só em 2020! E pra piorar, incorpora através da meta 12 do PNE as metas do REUNI, transformando-as em política de estado e estendendo a todos os níveis de educação e também às instituições estaduais e particulares. Se a situação já estava feia, se depender do governo pode ficar ainda pior nos próximos anos.

Se levarmos em conta ainda a situação da escola e creches públicas, tanto as federais, estaduais e municipais, vemos que o problema começa desde a base. Os professores sequer têm direito ao piso nacional salarial, e pelos miseráveis salários que recebem tem que pegar mais de uma matrícula e uma grande sobrecarga de trabalho, para conseguirem manter suas famílias. A falta das condições básicas de trabalho, muitas vezes sem carteiras suficientes nas salas, ou giz nos quadros negros, e ainda a pouquíssima assistência estudantil deixa claro a situação de precarização. Não é a toa que o Brasil está colocado nos piores índices educacionais no mundo, o que entra em choque com a posição de 6ª maior economia do mundo. A quem está a serviço este crescimento econômico, se não está para o povo?
Atualmente, a realidade de um estudante, professor ou funcionário de uma universidade federal não é muito diferente, e nos deparamos com inúmeros problemas cotidianos. Seguem alguns listados abaixo.

Entre os problemas envolvendo a assistência estudantil:
- Restaurantes Universitários que não comportam a demanda e fazer surgir filas cada vez maiores.
- Moradias que passam longe de comportar a demanda e muitos abandonam os estudos por morar muito longe e pela impossibilidade de pagar um aluguel num local mais próximo, ainda mais com a especulação imobiliária crescente que atinge muitas capitais.
- Bolsas insuficientes e sem reajuste, que sequer dão conta dos gastos mais básicos (xerox, transporte, alimentação).
- Falta de creches universitárias para mães estudantes, que acabam por atrasar muito ou abandonar sua formação universitária.

Entre os problemas acadêmicos:
- Salas de aula super-lotadas.
- Enorme falta de professores, com muitas disciplinas que passam o semestre todo nessa condição.
- Aumento dos professores temporários ou substitutos em detrimento dos efetivos de dedicação profissional.
- Aumento de até 40% das horas-aula para os professores, diretamente ligado à redução de projetos e bolsas de pesquisa e extensão.
- Laboratórios científicos e de informática sem equipamentos suficientes ou qualquer renovação que busque a atualização tecnológica.
- Bibliotecas defasadas, com livros mal conservados e poucas unidades que dêem conta da demanda.

Entre os problemas de infra-estrutura e segurança:
- Obras não finalizadas, e a conseqüente falta de prédios e salas de aula que comportem a parte acadêmica e administrativa dos cursos novos, especialmente nos campi do interior.
- Má conservação dos prédios e laboratórios, que geram incêndios, queda de parte da estrutura, mofo, insalubridade.
- Falta de bebedouros.
- Falta de condições mínimas de higiene nos banheiros e pouca quantidade para suportar a demanda.
- Falta de segurança nos campi, pela pouca iluminação e lugares desertos, sem guardas universitários, o que é o responsável muitas vezes pelos casos de estupro às mulheres estudantes.
- Falta de adaptação dos prédios para garantir a acessibilidades aos estudantes que necessitarem.
 
É um absurdo que o governo Dilma deixe a educação pública brasileira sob essas condições. Elegeu-se com a confiança dos brasileiros de que a educação seria uma prioridade em seu governo, e o que dá em troca é isso? A única forma de resolver esse problema é através da luta, das mobilizações, protestos de rua, ocupações de reitoria e greves. Ao longo da história do nosso país, só conseguimos avançar em direitos e soluções aos problemas sociais com muita luta! Em 2012, também não será diferente.

Espelhados na juventude árabe, européia e chilena, é hora da juventude brasileira entrar em ação!
 
Neste movimento grevista que se iniciou com a paralisação dos docentes, a resposta dos estudantes têm sido muito positiva. Tanto pela solidariedade aos nossos mestres, quanto pelas nossas próprias reivindicações, os estudantes têm organizado grandes assembléias, aulas públicas, protestos de rua e inclusive, aprovado greve estudantil. Já são pelo menos 16 IFES, entre universidades e institutos, que já decretaram greve estudantil geral ou alguns cursos. E esse número, na medida que a luta avança, tende a aumentar rapidamente.

Aqui é preciso fazer uma reflexão. Estamos diante de uma luta de proporções enormes, que com certeza entrará pra história do nosso país. A entidade responsável em articular e desenvolver lutas estudantis deste porte ao longo da história do Brasil foi a União Nacional dos Estudantes. Porém, atualmente, a UNE será capaz de cumprir esse papel? Nós afirmamos categoricamente que não.

A UNE de hoje em dia está completamente vendida para o governo federal. Não é a toa que apóia este novo PNE, que se calou diante dos cortes para educação e perdeu completamente a independência, política e financeira, diante do governo e reitorias pelo país. Agora, neste momento de greve, não aparecem nas assembléias e ignoram a forte luta estudantil que está se gestando, publicando uma breve nota em seu site que apenas faz menção à greve docente e sequer explicita suas verdadeiras razões, preservando o governo. Está claro que para desenvolver e potencializar esse processo, levando-o a uma vitória, não poderemos contar com a UNE. Pelo contrário, iremos até em alguns casos nos enfrentar contra ela no calor das lutas, assim como foi em 2007.

Apesar disso, é extremamente fundamental que os diferentes DCEs, Executivas de Curso, Centros e Diretórios Acadêmicos e Grêmios, tenham uma articulação nacional. Nós da ANEL estamos fazendo desde já essa batalha. Em cada universidade e escola, intervindo nas assembléias, atos e comandos de greve, buscamos a unificação nacional deste processo, política e organizativamente. Desde já, convidamos todos os lutadores para a nossa VI Assembléia Nacional, que deverá ser um desaguadouro natural de todo o processo de mobilização, reunindo centenas de estudantes no dia 16 de junho, no Rio de Janeiro. É em momentos de luta nacional como esse que fica ainda mais evidente, por um lado, a falência da UNE, e por outro, a necessidade de uma entidade nacional dos estudantes. A ANEL tem intervido nesse sentido desde junho de 2009, e chamado à unidade o movimento estudantil independente.

Pela construção do Comando Nacional de Greve dos Estudantes!        

Agora, mais ainda, é preciso unificar o conjunto do movimento estudantil. É nesse sentido que a ANEL tomou a iniciativa de lançar o “MANIFESTO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL BRASILEIRO”, para que seja assinado pelos diversos DCEs e entidades estudantis do país. Este Manifesto, além de prestar todo o apoio à greve da educação, convoca todos e todas à Marcha Nacional pela Educação no dia 5 de junho, que já está sendo convocada pela FASUBRA e pelo ANDES-SN, e a instalação nesta mesma data do COMANDO NACIONAL DE GREVE DOS ESTUDANTES. Com a presença das principais entidades estudantis, este Comando deve ser nosso principal instrumento para articular, organizar e potencializar a mobilização dos estudantes.

Enquanto assistimos ansiosos o desenrolar das revoluções e lutas no Norte da África, Oriente Médio, Europa, Chile, EUA, Canadá, começamos a desenvolver o que pode vir a ser a explosão da juventude brasileira. Em meio a uma crise econômica mundial, que trará profundas transformações ao mundo que vivemos, nós, com a força do movimento estudantil brasileiro, podemos interferir na mudança do Brasil e do Mundo. Parece utópico? Uma greve com quase 50 instituições federais paradas também parecia, há poucos dias atrás.

A ANEL chama todos os estudantes brasileiros à luta: tomemos o leme em nossas mãos e vamos às ruas fazer história! Como diziam os estudantes em maio de 68: sejamos realistas, façamos o impossível!

20 de maio de 2012

Manifesto do Movimento estudantil Brasileiro: Todo Apoio à greve da educação!

 

Vivemos a maior greve das instituições federais de ensino superior da última década. A partir do chamado pelo ANDES-SN da greve dos professores no dia 17 de maio e o indicativo de greve da FASUBRA para 11 de junho, foi uma enxurrada de assembléias massivas e uma após a outra, as universidades e institutos federais aprovando a greve. Entre os estudantes, muita solidariedade à greve dos professores e funcionários. O movimento estudantil brasileiro deve prestar todo o seu apoio à luta das diferentes categorias em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Essa luta também é nossa! Não é a toa que vivemos esse período atual de lutas e greves. Só nos últimos 2 anos, o governo Dilma cortou quase R$5 bilhões da educação. Ao mesmo tempo, apresentou o novo Plano Nacional da Educação que não resolve o grande problema da falta de investimento, propondo apenas 7% do PIB só para 2020. Nos últimos 5 anos, fruto da implementação do REUNI, as universidades federais passaram por um processo de expansão que não veio acompanhado dos recursos necessários, e agora acumularam-se diversos problemas. Falta assistência estudantil (bolsas, restaurantes universitários, moradias, creches universitárias), professores efetivos, estrutura física e novos prédios, segurança nos campi, e um longo etc. Para os trabalhadores das universidades, muita sobrecarga de trabalho, com salas de aula super- lotadas, professor efetivo contratado como temporário, escassez das bolsas de pesquisa e extensão, aumento médio de até 40% do número de horas-aula, a falta de um plano de carreira digno. Em 2007, na forte mobilização nacional que ocupou diversas reitorias quando o REUNI foi aprovado, os estudantes alertaram que isso aconteceria. 5 anos depois, essa greve só comprova a irresponsabilidade da expansão orquestrada pelo governo federal. Não basta expandir as universidades, é preciso sustentar essa expansão! Se o governo federal não ampliar de fato o investimento para a educação, desde as creches públicas, as escolas municipais e estaduais, até o ensino superior, essa situação nunca irá se solucionar. Queremos Expansão com 10% do PIB para a Educação! É por isso que nós, entidades estudantis abaixo-assinadas, organizamos esse Manifesto do Movimento Estudantil Brasileiro, declarando “Todo Apoio à Greve da Educação!” e convocando os estudantes à luta. Enquanto a juventude está em luta no mundo inteiro, derrubando ditaduras e enfrentando os efeitos da crise econômica, chegou a hora de da juventude brasileira também entrar em cena. Vamos defender nossa educação, pública gratuita e de qualidade, junto com a classe trabalhadora, pra transformar o Brasil! Chamamos todas e todos estudantes para construir uma Marcha Nacional da Educação que será realizada no dia 5 de junho em Brasília, chamada pela FASUBRA e o ANDES-SN, que servirá pra pressionar nossos governantes a atender as reivindicações. E no mesmo dia, instalar o Comando Nacional de Greve dos Estudantes, que possa unificar o conjunto do movimento estudantil e traçar os próximos desafios para nossa mobilização. Paute na sua entidade e assembléias estudantis e venha se somar a essa luta!

- Todos à Marcha Nacional da Educação no dia 5 em Brasília!
- É hora de construir o Comando Nacional de Greve dos Estudantes!
Os estudantes são parte dessa luta por uma expansão de qualidade com 10% do PIB para educação!

... É hora de aprovarmos nas assembléias estudantis e juntos aos DCE´S e CA´s do país a assinatura ao manifesto! 



 A hora é essa!
VAMOS NOS UNIR!