23 de março de 2013

Nota sobre o Espaço Estudantil da Unifesp Baixada Santista.


Na segunda feira, dia 11 de Março, os estudantes da UNIFESP Baixada Santista chegaram no campus e encontraram sua sala, o Espaço Estudantil (onde esses estudantes estavam se apropriando do espaço, construindo-o, recebendo doações de móveis e aparelhos para promover o melhor aproveitamento desse espaço) com a porta trancada e fechadura trocada. A diretora do campus, arbitrariamente trocou o miolo da fechadura da porta impossibilitando o acesso à sala. Os estudantes, na tentativa do diálogo, pediram uma cópia da nova chave, a resposta da diretoria foi: “NÃO! É necessário o nome de cinco pessoas que ficarão responsáveis pela sala”.
Esse espaço é parte de muita luta e uma conquista dos estudantes e da comunidade acadêmica como um todo. Primeiro pela entrega do campus novo, após seis anos de promessas; e segundo, após muitas discussões, disponibilizaram um espaço aberto em que nós alunos devemos fazer uso da melhor forma que quisermos.
Cheia de autoritarismo, uma semana antes do ocorrido, a diretora mandou arrancar intervenções no campus, de um trabalho do curso de psicologia, a desculpa foi mais uma vez que ela é autoridade e que as intervenções não são adequadas para o ambiente universitário. E muitos outros episódios parecidos vem barrando a autonomia dos estudantes dentro da universidade.
Achamos que essas atitudes são provas da intenção de barrar a organização e autonomia estudantil, impossibilitando um espaço para reuniões do movimento, por exemplo. Também não é diferente no campus Guarulhos, onde a sala de um dos centros acadêmicos está fechada por ordens da direção por questões burocráticas.
Temos que nos apropriar e ocupar dos espaços da universidade, entender que a universidade é publica, para acesso de todos e não precisarmos um CNPJ ou uma lista de cinco ou seis nomes que se responsabilizem pelos espaços estudantis, entendemos que esses espaços é de responsabilidade de todos que o usufruem e sem personificar o movimento, pois este somos todos nós.
Não podemos deixar que nossos direitos sejam barrados principalmente dessa forma autoritária, precisamos nos organizar, para isso os estudantes da UNIFESP BS estão organizando um “Musicaço” nessa quarta-feira (20), as 12h: 30min em protesto, com a entrega de um abaixo assinado rodado na comunidade acadêmica com assinaturas indignadas com o ocorrido.

15 de março de 2013

Em audiência pública, ANEL dá o recado: Não ao PIMESP! Cotas JÁ!



Coletivo Para Além dos Muros - DCE da USP.
Na última quarta-feira, dia 13 de março, aconteceu na Assembleia Legislativa a primeira Audiência Pública para o debate sobre o PIMESP (Programa de Inclusão com Mérito das Estaduais Paulistas), impulsionada pela Frente Pró-Cotas Estadual. A audiência contou com centenas de estudantes, ativistas do movimento negro e movimentos sociais vindos das 3 universidades paulistas.
Os reitores convocados para a audiência demonstraram sua posição Rodas, da USP e Fernando, da Unicamp, sequer apareceram para o debate. E o reitor da UNESP junto com os pró-reitores presentes, ao longo de todo debate falaram muito sobre como a universidade necessita de políticas de inclusão, mas pouco explicaram sobre o caráter do PIMESP e à serviço de que está esse projeto.
Diferentemente da reitoria todos os movimentos presentes foram categóricos quanto ao que significa o PIMESP: racismo, meritocracia e precarização da educação. O principal saldo do dia foi a compreensão que daqui pra frente está colocada uma tarefa para o movimento estudantil da universidade: Barrar o PIMESP e elaborar o projeto de cotas que irá de fato transformar a composição social e racial das universidades estaduais paulistas.
Mas atentamos aos setores presentes, da UNE e da Oposição de Esquerda, não podemos ter nenhuma dúvida sobre a forma que barraremos esse projeto. Queremos estar nos espaços de discussão, como as Congregações e os Conselhos Universitários, queremos que os parlamentares que estejam contra o PIMESP nos apoiem, mas não podemos ter dúvidas: É NAS RUAS QUE BARRAREMOS ESSE PROJETO.
Se por um lado o projeto de inclusão do PSDB para São Paulo só aprofunda e denuncia a política de elitização das universidades e de exclusão da juventude pobre e negra, por outro sabemos que o projeto do governo federal  votado em 2012 também não nos basta. É preciso que o movimento negro e estudantil se aliem, independentemente de governos e por suas próprias forças, para elaborar um projeto que de fato inclua os negros e indígenas, com qualidade de educação e permanência estudantil.
Nós da ANEL deixamos o recado as reitorias e ao governador Geraldo Alckmin, estaremos nas ruas até impedir o PIMESP, também como pelo movimento deliberaremos o nosso projeto de cotas raciais e sociais. Convidamos aos estudantes e os setores independentes a se unirem à nós nessa batalha.
Não ao PIMESP! Queremos COTAS JÁ!


Veja a fala de Arielli Tavares, da ANEL-SP e do DCE Livre da USP:




Entenda mais sobre o PIMESP AQUI: http://anelonlinesp.blogspot.com.br/2013/03/cotas-sim-pimesp-nao.html


1 de março de 2013

Cotas sim, PIMESP não!


por Arielli Tavares Moreira, DCE Livre da USP e Executiva Nacional da ANEL



O semestre letivo está se iniciando em todas as universidades paulistas e, junto com as boas vindas aos calouros, o movimento estudantil tem mais uma tarefa muito importante: apresentar aos novos estudantes o desafio de combater a elitização do ensino superior paulista em 2013.

Já está em discussão em todas as instâncias universitárias o PIMESP (Programa de Inclusão com Mérito do Ensino Superior Paulista). Em linhas gerais, o projeto prevê destinar uma porcentagem das vagas das três universidades estaduais paulistas e da FATEC aos alunos da rede pública, selecionados pelo ENEM e pelo Saresp.
Entretanto, os cotistas serão integrados ao Instituto Comunitário do Ensino Superior (ICESP), um tipo de “college” semipresencial de dois anos, em parceria com a UNIVESP, no qual os alunos terão aulas de reforço de exatas, humanas e biológicas. Após um ano do “college”, só os cotistas com aprovação integral poderão ingressar na FATEC. Depois do segundo ano, apenas os cotistas com rendimento superior a 70%, além de receberem um diploma de ensino superior sequencial, poderão ingressar na universidade. A ordem de preenchimento das vagas e a escolha dos cursos serão determinadas segundo o ranking dos alunos no “college”.
O projeto do governo Alckmin e do CRUESP, conselho dos reitores das três universidades estaduais, está gerando uma enorme polêmica na comunidade acadêmica e no movimento negro. Abaixo, você pode conhecer a posição da ANEL sobre este tema.

Cotas: eu defendo sim!


A violência e a falta de acesso a direitos básicos, como saúde, educação e moradia, são parte do cotidiano da maioria de nossos jovens. São Paulo é uma cidade dominada pela especulação imobiliária, a única cidade na qual o número de imóveis desocupados é maior que a população sem moradia. A violência nas periferias mata milhares de jovens, que vivem sob o fogo cruzado entre o tráfico e a polícia. A falta de perspectiva rouba de nossos jovens o direito de sonhar com um futuro melhor.
Basta observar com cuidado algumas estatísticas para perceber que quem mais sofre com tudo isso são os jovens negros. Isso porque o racismo presente em nossa sociedade, produto de mais de 400 anos de escravidão, marginaliza a população negra. Um jovem negro tem 100% a mais de chance que um jovem branco de ser assassinado, os policiais identificar a pele negra como “cor padrão” dos bandidos e criminosos, os primeiros a serem perseguidos.
O impacto dessa realidade na área da educação é categórico. Os dados do governo não deixam dúvidas. Em 2009, por exemplo, a taxa de analfabetismo entre os afrodescendentes era mais do que o dobro (13,42%) daquela registrada entre brancos (5,94%).
No ensino superior brasileiro, enquanto os jovens brancos compõem 21,3% dos matriculados, os negros não ultrapassam 8,3% das vagas. No caso da USP, os estudantes negros somam no máximo 14% das vagas, e nos cursos mais concorridos como Medicina e Direito não somam nem 1%.
Não há nada que justifique essas gritantes diferenças, senão a situação de desigualdade entre negros e brancos, num país marcado por uma história de racismo e exclusão social.
Assim, pautar a questão das cotas raciais é um dever dos governos, por todo descalabro que sofreram e ainda sofrem os negros cotidianamente em nossa sociedade. As cotas raciais são, hoje, uma reparação histórica exigida pelos 400 anos de escravidão, o reconhecimento do racismo e da dura situação da população negra. A juventude negra não pode esperara mais, é hora de incluir toda uma geração no ensino superior.

PIMESP: elitização, preconceito e precarização no ensino superior paulista!

Esse projeto só poderia ser proposto por um governo racista, que, ao pensar em inclusão, pressupõe que os negros cotistas não poderão ter o mesmo desempenho que os brancos e que, portanto, vão piorar a qualidade de ensino das universidades públicas. Por isso, precisam de uma antessala antes do acesso à universidade, dois anos de curso preparatório. Quando, na realidade, todas as universidades que já aplicaram as cotas raciais, como UERJ e UFBA, demonstram que o desempenho acadêmico dos cotistas é igual ao dos não cotistas.
O PIMESP, como o próprio nome diz, só aumenta o caráter meritocrático do acesso ao ensino superior público no estado, cobrando altos índices de aprovação dos alunos. A exigência de mais de 70% de rendimento aos cotistas é mais um obstáculo para os jovens negros, que, na prática, vai provocar uma alta taxa de evasão dos “college”. Avaliar o mérito entre indivíduos, em uma sociedade, na qual as condições são historicamente desiguais, não é favorecer o esforço e o empenho de alguns, é defender os privilégios de uma minoria.
O projeto do governo estadual também reserva aos cotistas uma educação de péssima qualidade, com ensino à distância, ampliando as funções da UNIVESP (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), que foi um dos maiores ataques à educação pública paulista dos últimos anos. Além disso, instaura o ensino superior sequencial, de dois anos, os famosos “escolões” de 3º grau, com o intuito de formar rapidamente mão de obra semiespecializada, assim como faz o REUNI nas universidades federais.

Ódio aos pobres e criminalização dos movimentos sociais

O projeto do PSDB não esconde que, por trás dele, está a mesma política que criminaliza os pobres, aumentando a intervenção militar nas periferias e assassinando a população jovem e negra. A mesma política que, ano passado, destruiu a ocupação do Pinheirinho, tirando a casa de milhares de famílias que ali moravam. Que é complacente com os incêndios nas favelas e que, todos os dias, limpa as ruas do centro, chutando e humilhando os moradores de rua que não tem nenhum abrigo.
O PIMESP é um insulto à luta histórica do movimento negro. Nós não aceitaremos calados essa ofensa. Por isso, convocamos todos os ativistas e militantes do movimento para se juntarem conosco na luta para derrotar esse governo racista e elitista.

Não ao PIMESP! Queremos inclusão sem preconceito, com qualidade de ensino e permanência estudantil!

A juventude negra não pode mais esperar e ter seu futuro negado pela política higienista e racista do governo de São Paulo. É preciso romper com a lógica excludente que fez das nossas universidades a imagem e semelhança das elites paulistas.
Queremos cotas raciais já, desvinculadas das cotas sociais, proporcionais a porcentagem de negros no estado, ou seja, 35% das matrículas das universidades estaduais paulistas e da FATEC. Além disso, reivindicamos políticas de permanência estudantil, com moradia, bolsas, creches, restaurante universitário e transporte, voltadas especificamente aos alunos cotistas. 
No dia 13 de março, às 17 horas, acontecerá uma Audiência Pública, na ALESP, para debater esse projeto. Nós, da ANEL SP, estaremos lá para dizer Não ao PIMESP e exigir um outro projeto de cotas racias, sem precoceito, com qualidade e permanência estudantil!