Arielli
Tavares Moreira, DCE da USP e Executiva Nacional da ANEL
No dia 27 de
junho, última quinta-feira, os estudantes em greve da UNESP ocuparam a reitoria
da universidade. Às 23h, após um dia de debates e uma longa reunião de
negociação com a vice-reitora¸ a comissão de negociação estudantil anunciou a
vitória do movimento: a reitoria acatou uma parte das reivindicações.
Depois de
mais de setenta dias de greve e inúmeras negociações frustradas, os estudantes
derrotaram a reitoria, o CRUESP e o governo do estado, e conquistaram uma série
de pautas que, antes, pareciam impossíveis de serem atingidas.
As
principais conquistas foram:
1) Atendimento total da demanda de
bolsas (447 BAAE I e 36 Auxílios Aluguéis);
2) Pagamento retroativo aos estudantes
que migraram das bolsas BAAE I, no valor total de 71 mil reais;
3) Incluir um Plano de Obras específico
para permanência estudantil, priorizando a construção de moradia e RU para
todos os campi que ainda não têm, no próximo Plano Orçamentário da UNESP;
4) Aumento da verba para os cursinhos
pré-vestibular, com repasse imediato para o 2º semestre;
5) Garantir que os alunos dos cursinhos
pré-vestibular tenham acesso aos laboratórios de informática, RUs e bibliotecas
da universidade.
Muitas
pautas importantes ainda não foram atendidas. Mesmo com essa primeira vitória,
os estudantes da UNESP vão seguir em greve e mobilizados nos campi,
pressionando a reitoria e os diretores de unidade.
O
movimento estudantil da UNESP está se reorganizando e se fortalecendo em todo
esse processo. Por isso, é fundamental
seguir lutando até o fim de todas as sindicâncias e punições aos estudantes, e
pela legalização do DCE e da representação discente.
A onda de protestos que sacode o país
e o movimento estudantil
Por
que, depois de tanto tempo em greve, a reitoria foi obrigada a atender nossas
reivindicações? Por que agora, no final do semestre, quando muitas unidades já
estão em férias, a reitoria recuou? Dois elementos combinados explicam a
vitória dos estudantes da UNESP. Por um lado, a combatividade do movimento
estudantil unespiano, que organiza uma grave há mais de dois meses, com
ocupações nos campi, atos de rua e muita mobilização de base. Por outro, a
influência da nova realidade brasileira, da onda de protestos que sacode o
país, no interior das universidades e escolas.
O
ascenso que vive o Brasil, com milhões na ruas das principais cidades lutando
por transporte público de qualidade, contras as injustiças da Copa do Mundo,
por mais verbas para saúde e educação, contra a corrupção e à repressão
estatal, colocou o conjunto da classe dominante e dos governos na defensiva.
Como
não poderia ser diferente, esse processo incide nas universidades e altera a
correlação de forças entre o movimento estudantil e as reitorias. Abre-se,
portanto, a possibilidade de mobilizarmos cada vez mais, politizarmos mais a
intervenção das entidades estudantis e, por fim, conquistarmos mais vitórias. A
conquista dos estudantes da UNESP foi só o começo.
Contagiar o movimento estudantil com a
ousadia das ruas
É tarefa do conjunto das entidades
estudantis organizar e mobilizar suas bases para os grandes atos de rua que
vivenciamos nessas semanas, e que devem seguir ocorrendo em todo o país. No
entanto, também é tarefa das entidades contagiar o movimento estudantil com a
ousadia das ruas, aproveitando esse momento especial para convocar assembleias,
debates e reorganizar os estudantes para lutar por suas reivindicações.
Chegou
a hora de unirmos os eventos do Facebook com panfletos e passagens em sala,
realizar atividades estudantis em praças e parques, com aulas públicas que
liguem as universidades à sociedade em ebulição. É hora de ocupar as ruas,
universidades e escolas. A ANEL, com certeza, está a serviço desse objetivo...
com sonhos e lutas se faz o futuro!