Coletivo “Necessidade de Lutar”
Na sexta feira 17/01, estávamos todos
reunidos em frente a UNIFESP- Baixada Santista, na recepção dos primeiros
calouros 2014, em clima de felicidade, vimos muitas famílias chegando e muitos
sorrisos nos rostos desses novos estudantes universitários, é tudo que se pode
senti quando ingressamos em uma universidade pública, gratuita e de qualidade,
mas só que não. Enfrentamos cotidianamente muitos problemas dentro e fora da
universidade, como por exemplo, estrutura do campi precarizada, ar condicionado
e elevadores quebrados, falta de segurança, falta creche... Esses novos
calouros também vão se deparar com esses problemas e perceber que nem tudo é
mil maravilhas no ensino público quando se tem que pagar aluguel caríssimo por
que não temos moradia universitária. Eis
que além desses problemas, os calouros são recepcionados com a sutileza da
opressão. Essa sexta-feira passada uma garota foi vitima de racismo! Enquanto estavam
pintando os que já tinham se inscrito, um veterano joga tinta branca nessa
caloura e diz "ESSA UNIVERSIDADE É BRANCA" e que " AGORA ELA
(caloura) FICOU BRANCA".
Vivemos muito tempo de escravidão no país. E
hoje depois de muita luta o racismo é crime, mas infelizmente nem por isso o
país deixou de ser racista. Há mais de 50 anos o Apartheid na Africa do Sul
acabou, depois de muitas exigências do movimento negro. E ainda vimos uma
segregação e uma divisão entre brancos e negros. O índice de assassinatos de
negros no Brasil é gritante, segundo o IPEA, os negros são 70% das vítimas de
assassinatos no Brasil.
Em 2012 houve uma luta histórica do movimento
que exigiu do governo cotas raciais nas universidades públicas. Foi uma
conquista parcial pois sabemos que essa politica tem muitas limitações como a
falta de assistência estudantil. Mas hoje os negros que são 4% dos estudantes
de ensino superior, tem uma chance maior de entrar na universidade, já que teve
uma pressão maior por conta do racismo em não ter uma escolaridade de
qualidade. Quando passamos pelos corredores da UNIFESP ou entramos nas salas de
aula vimos que a quantidade de estudantes negros é minima e ainda quando
recebemos novos calouros a recepção é com preconceitos e opressão.
Achamos
que o lugar dos negros e de todos jovens é dentro da universidade mesmo sabendo
que hoje ela é "branca" e elitista, lutaremos para que se torne de
todas as cores e de acesso livre a população. Estamos cansados de trotes
racistas, homofóbicos e machistas! Exigimos retratação do opressor! Racismo é
crime! Queremos uma universidade livre, democrática, publica, gratuita e de
qualidade para todos! E que nenhum calouro seja oprimido devido a esses trotes
OPRESSORES!