28 de junho de 2013

Vitória na UNESP mostra o caminho!


Arielli Tavares Moreira, DCE da USP e Executiva Nacional da ANEL

            No dia 27 de junho, última quinta-feira, os estudantes em greve da UNESP ocuparam a reitoria da universidade. Às 23h, após um dia de debates e uma longa reunião de negociação com a vice-reitora¸ a comissão de negociação estudantil anunciou a vitória do movimento: a reitoria acatou uma parte das reivindicações.
            Depois de mais de setenta dias de greve e inúmeras negociações frustradas, os estudantes derrotaram a reitoria, o CRUESP e o governo do estado, e conquistaram uma série de pautas que, antes, pareciam impossíveis de serem atingidas.
            As principais conquistas foram:
1)      Atendimento total da demanda de bolsas (447 BAAE I e 36 Auxílios Aluguéis);
2)      Pagamento retroativo aos estudantes que migraram das bolsas BAAE I, no valor total de 71 mil reais;
3)      Incluir um Plano de Obras específico para permanência estudantil, priorizando a construção de moradia e RU para todos os campi que ainda não têm, no próximo Plano Orçamentário da UNESP;
4)      Aumento da verba para os cursinhos pré-vestibular, com repasse imediato para o 2º semestre;
5)      Garantir que os alunos dos cursinhos pré-vestibular tenham acesso aos laboratórios de informática, RUs e bibliotecas da universidade.

        Muitas pautas importantes ainda não foram atendidas. Mesmo com essa primeira vitória, os estudantes da UNESP vão seguir em greve e mobilizados nos campi, pressionando a reitoria e os diretores de unidade.
        O movimento estudantil da UNESP está se reorganizando e se fortalecendo em todo esse processo.  Por isso, é fundamental seguir lutando até o fim de todas as sindicâncias e punições aos estudantes, e pela legalização do DCE e da representação discente.

A onda de protestos que sacode o país e o movimento estudantil

        Por que, depois de tanto tempo em greve, a reitoria foi obrigada a atender nossas reivindicações? Por que agora, no final do semestre, quando muitas unidades já estão em férias, a reitoria recuou? Dois elementos combinados explicam a vitória dos estudantes da UNESP. Por um lado, a combatividade do movimento estudantil unespiano, que organiza uma grave há mais de dois meses, com ocupações nos campi, atos de rua e muita mobilização de base. Por outro, a influência da nova realidade brasileira, da onda de protestos que sacode o país, no interior das universidades e escolas.
           
        O ascenso que vive o Brasil, com milhões na ruas das principais cidades lutando por transporte público de qualidade, contras as injustiças da Copa do Mundo, por mais verbas para saúde e educação, contra a corrupção e à repressão estatal, colocou o conjunto da classe dominante e dos governos na defensiva.

        Como não poderia ser diferente, esse processo incide nas universidades e altera a correlação de forças entre o movimento estudantil e as reitorias. Abre-se, portanto, a possibilidade de mobilizarmos cada vez mais, politizarmos mais a intervenção das entidades estudantis e, por fim, conquistarmos mais vitórias. A conquista dos estudantes da UNESP foi só o começo.

        Contagiar o movimento estudantil com a ousadia das ruas

          É tarefa do conjunto das entidades estudantis organizar e mobilizar suas bases para os grandes atos de rua que vivenciamos nessas semanas, e que devem seguir ocorrendo em todo o país. No entanto, também é tarefa das entidades contagiar o movimento estudantil com a ousadia das ruas, aproveitando esse momento especial para convocar assembleias, debates e reorganizar os estudantes para lutar por suas reivindicações.

        Chegou a hora de unirmos os eventos do Facebook com panfletos e passagens em sala, realizar atividades estudantis em praças e parques, com aulas públicas que liguem as universidades à sociedade em ebulição. É hora de ocupar as ruas, universidades e escolas. A ANEL, com certeza, está a serviço desse objetivo... com sonhos e lutas se faz o futuro!